Autor // Caroline Santos
Na noite da última quarta-feira, 30, no auditório da Sociedade Semear, o SINTESE deu mais um passo no protagonismo da luta sindical. Foi lançado o projeto “A Escola Democrática e Popular: A Educação que Queremos”. Professores universitários, advogados, parlamentares, gestores, jornalistas e membros de diversas entidades sociais participaram do lançamento.
“O projeto é uma nova forma de repensar a escola pública. Não é obrigação do SINTESE elaborar uma política pública para a educação, mas concluímos que é chegada a hora da sociedade sergipana e brasileira saber pelo que os profissionais do magistério estão lutando”, declarou Angela Maria de Melo, presidenta do SINTESE.
O projeto é fruto das lutas e discussões dos professores nos últimos 20 anos e que foram sistematizadas ao longo do ano de 2012 através da criação de um grupo de trabalho formado por educadores da base e por membros da direção executiva e coordenação das sub-sedes do SINTESE. A coordenação do grupo ficou à cargo do professor doutor André Martins da Universidade Federal de Juiz de Fora.
O projeto é centrado em quatro eixos: Formação Humana, Trabalho Docente, Gestão Democrática e Políticas Estruturantes e foi discutido em pré-congressos e aprovado por unanimidade no XIV Congresso dos Trabalhadores em Educação realizado em novembro.
Na Escola Democrática e Popular tem cultura
Antes de chegarem ao auditório os convidados foram recebidos pelo grupo Guerreiro do SINTESE. O grupo está inserido no projeto SINTESE Cultural que tem como objetivo resgatar as danças e folguedos populares e tem a participação de professores da ativa e aposentados.
Durante o lançamento a plateia foi brindada com diversas atrações culturais, pois no projeto a arte e a cultura também são protagonistas da educação que queremos. O grupo “Tambores da Esperança” formado por alunos da Escola Estadual Otávio Bezerra que está localizada na comunidade quilombola do povoado Ladeiras em Japoatã tiveram a oportunidade de mostrar o trabalho desenvolvido na escola através da ação cultural do mandato da deputada estadual Ana Lúcia.
O poema “Um documento revolucionário” de autoria do professor Antônio Dantas foi recitado pelos participantes do Projeto Palco na Luta que está inserido no SINTESE Cultural e pretende através da ótica do Teatro do Oprimido busca incitar nas pessoas a resolução de diversos problemas. “A Escola que não Queremos” foi o tema do cordel apresentado pela professora e cordelista Izabel Nascimento.
“Na escola democrática e popular os alunos, professores, funcionários têm a possibilidade de desenvolver suas aptidões artísticas com liberdade”, disse Bernadete Pinheiro, diretora do Departamento Sócio Cultural do SINTESE.
Nota de solidariedade
Em um momento em que é lançado um projeto que tem como ponto fundamental uma escola para tornar as pessoas felizes e emancipadas e que a cultura e arte sejam incentivadas. O diretor de Comunicação, Joel Almeida, fez a leitura de uma nota de solidariedade ao jornalista Cristian Góes, que estava presente ao evento. Cristian foi processado pelo desembargador Edson Ulisses por ter escrito o artigo “Eu, o coronel em mim”. O magistrado sentiu-se injuriado e difamado pelo texto, apesar de que em nenhuma linha do artigo seu nome seja citado.
“A ação judicial movida contra o jornalista Cristian Góes fere a liberdade de todos nós que acreditamos na verdadeira liberdade de expressão e no direito humano a comunicação. Nós, presentes neste evento, também nos sentimos processados”, diz a nota.
Novos desafios
Para o presidente da Central Única dos Trabalhadores em Sergipe, professor Rubens Marques, o projeto quebra paradigmas. “Sempre que estamos em mesa de negociação com gestores somos cobrados, apesar de não ser nossa função, a apresentar uma política pública para a educação. Agora nós temos uma proposta para política pública”, apontou.
O lançamento do projeto é apenas o começo. Agora sim começa a grande caminhada na luta por uma escola pública de qualidade para todos e todas. No próximo dia 19, no hotel Riverside o SINTESE realiza um seminário para os gestores (prefeitos e secretários de Educação) onde todo o projeto será discutido e apresentado.
“A batalha começa agora e ainda temos ainda um longo caminho a percorrer, mas tenho certeza que estamos mais do que nunca com as armas certas para que todos e todas tenham a possibilidade de terem acesso a uma escola pública de qualidade para que sejam pessoas felizes e verdadeiramente emancipadas”, disse Ivonete Cruz, diretora do Departamento de Formação e coordenadora do Grupo de Trabalho.
Grupos de estudos já estão sendo formados e estão previstos também seminários nos municípios para professores, pais, alunos, funcionários das escolas e para os conselheiros municipais de educação. As Oficinas Pedagógicas da Resistência estarão focadas na construção dos projetos políticos pedagógicos das unidades escolares. Tudo isso para que seja construída de forma coletiva a proposta de Sistema Público de Educação.
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