Não é preciso ter essa idade toda para se transportar de volta à RETRETA DA PRAÇA FAUSTO CARDOSO, um mundo de palco para o encontro de jovens que ali, e no convívio diário dos finais de tarde, no bate papo sadio, na paquera e no passeio de mãos dadas com a pessoa amada encontrava momentos de intensa felicidade, de radiante alegria, de iluminada paz. A praça que contemplava os TRÊS PODERES, (hoje com a falta de um, vez que o Palácio do Executivo virou museu) também era templo da música, do teatro, do protesto, da animação, mas nunca da violência, das drogas, da prostituição como vemos nos dias atuais. Não somente a Praça Fausto Cardoso, mas as demais praças de Aracaju e porque não dizer de todo o Estado de Sergipe, estão até mesmo em situações bem piores, a Praça do Bairro Siqueira Campos acredito ser hoje o exemplo maior dessa triste desolação.
Os tempos mudaram, e como mudaram... A nossa saudosa retreta virou peça de museu no subconsciente dos mais nostálgicos aracajuanos, mas foi num ontem não muito distante, num passado bem mais aproximado, que a nossa querida capital e por consequência todo o Estado de Sergipe ainda eram sinônimos de sossego, tranquilidade, amizade e paz, não só nos momentos de lazer nas praças, mas em todos os lugares. Sergipe era o paraíso, Sergipe era o Estado mais tranquilo e mais seguro do país. Nesse tempo a única droga proibida que timidamente teimava em ingressar no nosso território era a maconha, vez que as demais como a cocaína, heroína, haxixe, ecstasy, morfina, ópio, dentre outras, a gente sabia que existia apenas por ouvir dizer.
A evolução da humanidade é algo inconteste. Essa evolução, todavia, não se restringiu somente aos aspectos que beneficiaram o planeta e a própria existência humana. Infelizmente, a maldade, a falta de caráter, o esquecimento da moralidade, a desonestidade, a ganancia e a barbárie, ao invés de serem expurgadas do interior humano, foram, na verdade, aperfeiçoadas sob a égide de uma desvirtuada e falsa evolução, e, foi dentro desse conceito que o homem também criou o crack, o mal dos males dos novos tempos. Do lixo da cocaína adicionado a outras mortais parafernálias nasceu o poderoso crack.
Assim, dentre outros tantos problemas mal resolvidos ao longo dos anos, mas em especial sob a nebulosa e funesta fumaça do crack, a mais perigosa de todas as drogas, o homem vem se transformando num morto-vivo, num zumbi, num molambo, num trapo, num traste, e, por que não dizer, num ser desprezível que constrói o seu próprio perecimento, o mais ignorante e idiota de todos os animais. E é esse retrato humano que mais vemos nas nossas praças, ruas e marquises das lojas no centro da cidade e tantos outros pontos espalhados pela antes pacata Aracaju, ganhando força também nos demais municípios do Estado de Sergipe, mas não somente isso, pior ainda, através dessa demoníaca droga, além da destruição do viciado e seus familiares, há o aumento inequívoco da criminalidade. Sem dúvida alguma a nossa sociedade também paga um alto preço por tal insanidade humana, pois todos os índices de delinquência aumentaram estupidamente, mais se destacando os pequenos e grandes furtos, roubos de todos os tipos (popularmente conhecido por assalto à mão armada), homicídios e até latrocínios, sem falar na prostituição em cada esquina, pois pelo crack e para o crack se matam e se morrem. Ressalte-se que embora o crack não seja o principal pivô de tudo isso, tem grande parcela nessa fatia de violência que dança em todos os tons no nosso território.
Apesar de todo o esforço, de todo o investimento físico e estrutural em muitas unidades policiais, técnico e tecnológico em vários dos seus setores institucionais, conquistados e executados pela atual administração da Secretaria da Segurança Pública de Sergipe a criminalidade ganhou corpo em proporções imensuráveis e vem se transmudando em um monstro com feições imbatíveis. O tempo urge por novas medidas, e é por isso que todos os bons sergipanos “estão apostando as suas fichas”, esperançosos no tão propalado PROGRAMA SERGIPE MAIS SEGURO (que segundo a mídia terá um investimento que pode ir de R$ 26 a 57 milhões). É evidente que jamais resgataremos os áureos tempos da retreta da Praça Fausto Cardoso e seus momentos circunvizinhos, mas, com vultoso investimento em vista, rogamos e esperamos que a tranquilidade e a paz voltem a reinar no nosso querido Estado de Sergipe, que retomemos a liderança nacional nesse mesmo sentido.
Archimedes Marques, Escritor e Delegado de Polícia no Estado de Sergipe. (Pós-Graduado em Gestão Estratégica de Segurança Publica pela Universidade Federal de Sergipe) archimedes-marques@bol.com.br
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