Autor // Ângela Melo, Presidenta do SINTESE
O Governo do Estado de Sergipe insiste numa versão que não cola e nem nunca colou: a de que não há dinheiro para pagar o piso salarial para todo o magistério. Em pleno debate na Comissão de Educação da Assembleia Legislativa foram expostos de maneira bastante clara pelo SINTESE vários argumentos que provam exatamente o contrário: dinheiro tem, precisa se fazer os ajustes na folha de pagamento e, principalmente, ter vontade política para mudar. Este é o tema principal da edição deste mês na nossa Revista Paulo Freire. Como o mestre dizia: estamos denunciando uma grave situação e anunciando a esperança. Ou seja, há saídas!
Uma criteriosa pesquisa realizada pelo sindicato apontou, por exemplo, que estão inseridos na folha do Fundeb quase R$ 900 mil em pagamentos de servidores cedidos para outros órgãos. O SINTESE questiona o porquê da cessão e também o motivo pelo qual os órgãos onde esses servidores estão trabalhando não custeiam seus salários como prevê a Constituição. Por questões de gestão e indicação política, por exemplo, professores são retirados de sala de aula para compor comitês pedagógicos. Isso gera um custo anual de mais de R$ 2 milhões.
Também nesta edição o professor José Carlos apresenta uma questão central sobre língua, classe e poder. Para ele a importância do domínio da expressão oral não se limita apenas ao ambiente escolar. A escola tem de entender que em várias situações além dos seus muros o aluno terá de fazer uso da fala para responder de forma satisfatória aos desafios que lhe são impostos pela sociedade. Para o professor, “a escola, como aparelho ideológico de educação, reproduz o mito da supremacia escrita, que é o responsável pela adoção de concepções e práticas pedagógicas equivocadas no ensino de língua”.
A professora Ivônia Ferreira escreveu um texto sobre a mulher militante. Para ela, ao longo da história tentaram rotular as mulheres como sexo frágil, que precisa da proteção do homem, quando o que elas precisam é de companheirismo. “Ainda bem que mulheres como Rosa Luxemburgo, Olga Benário, Clara Charf, Madre Cristina etc. mostraram o contrário. Assim, romper com o preconceito é uma tarefa nossa, pois se depender da maioria dos homens tudo ficará como está”. O professor Roberto Silva apresenta um texto fundamental sobre a situação da educação no Chile, todo o processo de privatização, às reações dos estudantes e o que isso pode significar para o Brasil, especialmente Sergipe. “É notável que o modelo educacional no Chile não pode servir de exemplo para nenhum país. Ele deve ser entendido para que possamos combater as tentativas de privatização do ensino como vem ocorrendo em Sergipe”, diz Roberto no artigo.
Ainda lembrando o Chile, este mês fez 39 anos que o presidente socialista Salvador Allende morreu dentro do Palácio La Moneda que estava sendo bombardeado pelo Exército. Começava ali a ditadura militar de Augusto Pinochet. O jornalista Cristian Góes, que é editor desta revista, faz um texto para lembrar essa nossa história. “Os Estados Unidos, utilizando-se dos meios de comunicação (mídia) para manipular a ‘opinião pública’; aumentando o bloqueio econômico, que deixava o povo chileno sem alimentação e combustível; e ‘financiando’ alguns generais das Forças Armadas, em 11 de setembro de 1973, o palácio presidencial, em Santiago, é bombardeado com o presidente dentro dele, morrendo naquela mesma manhã”.
Ainda temos nessa edição várias dicas de leituras e livros, as poesias de nossos professores e a imagem de luta. Boa leitura e reflexões.
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