Por Ju Gomes
“As pessoas não olham mais pro próprio contra cheque. Agora é a política da inveja. Quem ganha mais? Sou eu ou você? Ah! Você ganha mais, vou entrar em greve. O cofre secou, o poço secou. O restinho, a raspa do tacho, a prioridade agora é pra quem ainda não teve nenhum tipo de plano especial. O tacho secou!”. A mea culpa foi feita pelo Governador Marcelo Déda, em entrevista à radialista Magna Santana, veiculada na manhã desta terça-feira (7), no programa Liberdade sem Censura.
Com relação a uma possível paralisação da Polícia Militar durante os festejos juninos no Estado, o governador Déda diz: “é algo que não dá pra compreender. Terá segurança. Não faltará segurança. Eu mando buscar onde tiver. O povo de Sergipe não ficará sem segurança. Garantiremos na forma da lei”.
Marcelo Déda, não aceita que, segundo ele, a segunda polícia mais bem paga do país haja dessa forma e indigna-se: “isso é inaceitável. Vejam como estão seus colegas no Rio de Janeiro. Lá, eles ganharam cadeia, aqui, vocês ganharam salário e dignidade. O povo de Sergipe não ficará sem segurança pública”.
Sobre tais declarações, o Major Adriano Reis diz que “o governador está mal informado. Em nenhum momento a gente sequer tocou em aumento, até porque o nosso último aumento foi em setembro do ano passado. Nós lutamos muito e o governador foi obrigado a reconhecer. Estamos reivindicando melhorias de trabalho. Equipamentos, armas, munição, coletes. A gente reivindica é isso. Como eu posso lidar com vidas se não tenho a mínima condição e tranqüilidade para isso”, contesta o major.
Reis informou que durante os festejos juninos, por exemplo, “a polícia militar trabalha durante 18 horas ininterruptas e sem direito a folga. Em lugar nenhum isso existe. A gente jamais se recusa a trabalhar, a gente não quer é ser escravo. Se o governo tem palavra pra um, ele tem que ter palavra pra todos. Não é justo que o PM tenha horário pra entrar e não tenha pra sair. O que nós queremos é que ele cumpra a promessa dele, às 40 horas semanais. Nosso trabalho é de risco e nós precisamos de uma carga horária definida”.
Sobre a “Operação Padrão” deflagrada pelo Sinpol – Sindicado dos Policiais Civis de Sergipe, o governador Marcelo Déda disse que “o presidente do sindicato não ofende o governador, ofende os demais servidores públicos. Nenhum governo fez o que nós fizemos pela polícia civil” e avisa em tom de irritação “não tem mais dinheiro. Não vai ter mais reajuste. O Rio de Janeiro é o 3º orçamento maior no Brasil, é um Estado rico, está pagando R$ 900 ao bombeiro. Sergipe paga o 2º melhor salário ao Policial Militar e um dos melhores à polícia civil. Chegou a vez da raia miúda”, concluiu o governador.
O presidente do Sinpol, Antônio Moraes, afirma que “a Operação Padrão não vai acontecer durante os festejos juninos, pois não queremos colocar a população em risco. Mas faremos paralisações pontuais” e classifica as declarações de Marcelo Déda como jocosas: “o governador perdeu a oportunidade de falar algo de útil. O tom do governador foi jocoso, não foi digno de um chefe de Estado. Ele precisa entender que os servidores evoluíram bastante, até porque estão organizados em categorias, através dos seus sindicatos. Fica feio o governador utilizar esse tipo de jargão, arraia miúda, política da inveja. Quando ele fala que o tacho secou, ele apequena o discurso do servidor público e faz isso de propósito”.
Moraes acusa o governador de tentar colocar uma categoria contra a outra. “A intenção do governador é colocar categoria contra categoria. Ele tenta, mas não vai conseguir. Quando ele faz isso, ele mostra que a preocupação com a administração pública não existe. Déda não consegue mais confundir as pessoas, ele está no 2º mandato.” E denuncia: “a polícia hoje só serve pra proteger os políticos. A troca de favores é o problema. Chega da política de troca de favores.”
Apesar da decisão de não realizar a “Operação Padrão” durante os festejos juninos, Antonio Moraes avisa: “Vamos fazer a paralisação padrão. Faremos paralisações pontuais. Nós não estamos com inveja, um pingo de inveja. O sentimento é que estávamos na indigência do serviço público, éramos a categoria mais desmoralizada. Não somos mais e não vamos voltar a ser”, concluiu Moraes.
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