- País é um dos que menos respeita seus mestres, de acordo com um estudo da Fundação Varkey Gems
- Trabalho analisou salário e status da profissão em 21 países
Leonardo Vieira (Email · Twitter)
Publicado: 5/10/13 - 8h00
Professor dá aula para uma turma de pré-vestibular numa escola em Botafogo Gustavo Miranda
RIO - Uma pesquisa recém-divulgada mostra que o Brasil não tem muitos motivos para festejar o Dia Mundial do Professor, celebrado em mais de cem nações neste sábado. O país é um dos que menos respeita os seus professores, de acordo com estudo inédito da Fundação Varkey Gems, sediada nos Emirados Árabes.
A entidade internacional analisou a forma como o docente é valorizado em 21 países, escolhidos segundo critérios de representação regional e de desempenho no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa). No chamado ranking de status do professor, o Brasil está em penúltimo lugar, à frente apenas de Israel. Do outro lado da lista, China, Grécia e Turquia, respectivamente, são os países que mais respeitam os seus docentes.
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Para comparar o status do professor na percepção popular de cada país, a pesquisa levou em conta dados abstratos como o prestígio do magistério em relação a outras carreiras como agente social e médico, e dados concretos como salário médio da categoria nos diferentes países. Pessoas que participaram do estudo também tiveram de responder se elas consideravam que os soldos ganhos pelos docentes deveriam ser atrelados ao desempenho dos alunos.
Pelo resultado, Brasil, França e Turquia consideram que o magistério se assemelharia à profissão de bibliotecário, ao passo que, no Japão, professores são comparados a funcionários públicos. Já na China, o docente chega a ser visto como um médico.
A pesquisa também descobriu que, nos países que mais respeitam o professor, muitos pais encorajam os filhos a seguir essa carreira. Não é o que acontece no Brasil. Enquanto brasileiros, israelenses e portugueses figuram como os que menos incentivam a docência em casa, na China, Coreia do Sul e Egito, as crianças são estimuladas a se tornar professores.
Já na questão salarial, dos 21 países pesquisados, o salário médio do docente brasileiro só é maior do que no Egito e na China. Em média, 59% de todos os pesquisados nessas localidades acreditam que o rendimento do professor deve ser atrelado ao desempenho do aluno. Mas esse percentual se eleva no Brasil, onde 88% acreditam na remuneração variável. Ainda sobre os salários, no Brasil, Reino Unido e Nova Zelândia, a população acredita que professores ganham 20% a mais do que o real soldo para o início de carreira.
Para a diretora-executiva do movimento Todos pela Educação, Priscila Fonseca da Cruz, o resultado da Fundação Varkey Gems não surpreende. Segundo ela, o Brasil é um país onde o professor ganha cerca de 40% a menos do que outros profissionais com ensino superior. Mas não é só na questão salarial que o país decepciona:
- Nós não somos um país que valoriza o conhecimento, mas, sim, apenas o título. O aluno quer terminar o ensino médio ou o superior para ter o diploma, mas não tem a preocupação em saber se ele realmente aprendeu - opina Priscila.
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