O senador Eduardo Amorim concedeu, nesta quinta-feira, entrevista exclusiva ao Programa Comércio em Debate da web Rádio Comércio (radiocomercio.com.br) e rompeu o silêncio em relação ao racha entre seu grupo e o grupo liderado pelo governador Marcelo Deda.
Se referindo ao governador, Eduardo Amorim afirmou que o diálogo é essencial em qualquer relação. Ele ressaltou que Marcelo Deda foi procurado para discutir a reeleição da Mesa Diretora da Assembléia e que Deda teria orientado ele, Amorim, tratar este assunto com a presidente. “Eu disse por diversas vezes ao governador que o diálogo é sempre essencial em qualquer tipo de relação. No namoro você conversa, dialoga. Em qualquer relação e na política não pode ser diferente. Então, quando eu conversei com o governador sobre a reeleição ele disse que eu conversasse com a presidente, conversasse com os parlamentares. O poder é constituído, cada poder tem sua autonomia, tem seu respeito, sua consideração. Então, tem que se conversar e conversar muito. E é nos momentos de divergências que tem que se insistir no diálogo. Eu tenho minha consciência muito tranqüila, procurei e procuro conduzir a minha vida com mais respeito”, afirmou.
Golpe
Em relação à declaração do deputado estadual Francisco Gualberto, líder do governo, que classificou de golpe a realização da reeleição, Amorim se defendeu afirmando que seu grupo não enganou o governador em nenhum momento. Ele observou que cada um fala o que quer, mas exigiu respeito. “Cada um diz o que quer, mas é preciso assumir a responsabilidade e manter o respeito sobre tudo naquilo que se diz. Golpe é que não foi. Traição também não foi. Se olharmos no dicionário traição significa enganar, ser infiel, e ninguém enganou ninguém. Vocês mesmo da imprensa já vinham anunciando isso há muito tempo. A própria presidente conversou com o governador, com seus colegas parlamentares há muito tempo. Mas eu tenho minha consciência tranqüila que busquei sempre o diálogo e o equilíbrio pra manter e conduzir toda essa situação. Conversei sim com o governador, com os parlamentares não só do meu partido, mas de outros partidos, mas respeitei sempre a autonomia dos parlamentares. Agora dizer que é golpe, é traição é esquecer e esquecer muita coisa. Então, é preciso dimensionar o valor e o peso de cada palavra pra que não se fale, por que se não cria uma situação desrespeitosa que na verdade ninguém nunca teve”, advertiu.
Indicação
Demonstrando a independência do seu grupo, o senador afirmou durante a entrevista concedida ao jornalista Paulo Sousa e o radialista Robson Santana, que nunca procurou o governador para exigir nenhuma indicação. De acordo com Eduardo Amorim, a última vez que esteve reunido com Deda foi há quase um ano atrás. “Nunca procurei, nunca fui atrás pra fazer nenhuma indicação. Eu particularmente nunca fiz. A última vez que eu tinha conversado com o governador foi em maio do ano passado, quando fui chamado pelo governador para conversar e novamente eu insisti com ele sobre a importância de se dialogar, de conversar”, lembrou.
Hospital do Câncer
Perguntado se o rompimento político com o governo pode vir a prejudicar a construção do Hospital do Câncer, por parte do governador, o senador disse não acreditar nesta hipótese. “Não. Espero que não, da minha parte em absoluto. Eu não acredito que ele faria isso, por que se ele fizesse isso era uma pena. Eu acho que isso não é brincadeira, isso é luta pela vida. Então, eu não quero acreditar jamais de que alguém seria capaz de fazer isso. Espero que o governo do estado faça seu papel, cumpra com sua missão, que é fazer o processo licitatório”, observou.
Indicação de Belivaldo
Sobre a indicação de Belivaldo Chagas para a vaga de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Eduardo Amorim defendeu o equilíbrio e o compromisso, reconhecendo o nome de Belivaldo como o mais encaminhado. “Eu concordo e defendo que a gente tenha muito equilíbrio em situações como essa. É pra tomar a melhor decisão. Eu acho que o nome de Belivaldo já é um nome bem encaminhado, mas quem vota são os deputados e a gente tem que respeitar essa prerrogativa. Então, muito diálogo ainda vai haver, não somente sobre esta questão, mas em várias outras questões. Eu defendi na reunião com os deputados o equilíbrio e a calma necessária sobre tudo nesse momento. Significa que a prudência é necessária. É manter o respeito, é manter o compromisso pra tomar a melhor decisão e pra que não se venha ter, muitas vezes, o arrependimento irreparável lá na frente. Belivaldo, de mim, tem e terá toda estima e consideração, mas eu não voto”, explicou.
Posição de Gilmar
Opinando sobre a posição do deputado Gilmar Carvalho, que defende a indicação de Belivaldo, desde que o senador Valadares entregue todos os cargos que tem no governo, Amorim disse que a opinião de Gilmar deve ser respeitada, mas que não é a única no grupo. “Cada um tem sua opinião. A opinião do deputado Gilmar Carvalho não é única dentro do grupo, existem outros também que opinam. Então, é por isso que a gente está seguindo e está realmente conduzindo com muita calma tudo isso pra que a gente possa encontrar a melhor solução, não só pra esta questão, mas pra outras também. A gente vai buscar uma convergência para que saia com unanimidade. Se não for possível uma unanimidade tomaremos uma decisão que saia pelo desejo da maioria”, disse.
Indicação do Grupo
Indagado sobre a possibilidade de o novo conselheiro sair da indicação de um dos deputados do seu grupo político, o senador disse que ainda não discutiu este assunto e que preferiu aguardar o resultado da reunião dos deputados do PSB com o senador Valadares. “Nós não discutimos essa questão não. Nós resolvemos atender ao apelo do deputado Adelson e da deputada Maria Mendonça que hoje (1º de março) iam conversar com o líder maior do seu partido, o senador Valadares. Então, vamos aguardar o retorno da conversa dos dois parlamentares com o líder do partido do mesmo”, afirmou.
Ainda sobre a possível indicação de Belivaldo Chagas ao Tribunal de Contas, Eduardo Amorim afirmou que se depender dele as assinaturas pela indicação de Belivaldo serão mantidas. Ele, no entanto, observou que a vontade da maioria é que deve prevalecer e que seu cargo não é o de deputado. Ele disse desconhecer que algum parlamentar tenha retirado sua assinatura. “Que eu saiba ninguém retirou. A não ser que o deputado Gilmar retirou, mas que eu saiba ninguém. A gente sabe que isso está provocando muitas discussões. Olhe, eu não voto, eu não faço parte do parlamento estadual. O que eu sempre fiz aqui foi respeitar a vontade da maioria, mesmo que ela seja diferente da minha. Mas a gente sabe da amizade e carinho que a gente tem, mas não é só o meu desejo e a minha vontade. Eu respeito sim a vontade dos outros colegas de partido. Eu manteria a assinatura, mas não estou dizendo que será essa a decisão”, esclareceu.
Nova Aliança com Déda
Questionado pelo jornalista Ivan Valença, comentarista do programa, sobre uma possível aliança com o governador Marcelo Deda, o senador foi objetivo. “Não. Primeiro eu acho que o termo zerar é relativo, nada se zera só pra começar de novo, acho que as coisas continuam. Ela pode tomar outro rumo, mas não que ele pare e recomece. Nada disso, ele continua. Não parei pra pensar nisso não. Acho que o destino o futuro é que constrói com as nossas atitudes”, concluiu.
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