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quarta-feira, 19 de novembro de 2008

7,5 milhões de alunos estudam no campo

“Então o camponês descobre que, tendo sido capaz de transformar a terra, ele é capaz também de transformar a cultura, renasce não mais como objeto dela, mas também como sujeito da história”. A frase de um dos maiores pensadores da educação no Brasil, Paulo Freire, resume a importância da escola para as populações que habitam as zonas rurais do país. Estimada em mais de 30 milhões, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2004, a população que mora no campo é equivalente ao número de habitantes de países como a Argentina e o Canadá.
Mesmo com o alto índice de êxodo rural registrado entre 1980 e 1991 - aproximadamente 13 milhões de pessoas trocaram o campo pela cidade durante este período, segundo o IBGE -, são ao todo 7,5 milhões de alunos matriculados em escolas rurais, conforme dados do Censo da Educação Básica de 2006. O número equivale à população da Suíça, porém, os indicadores sócio-econômicos e educacionais, apesar de terem melhorado, ainda estão defasados em relação à realidade encontrada nas áreas urbanas.
As taxas de freqüência escolar no ensino fundamental do campo, por exemplo, subiram dez pontos percentuais, passando de 83% em 2000, para 91,6% em 2004. Entretanto, a escolaridade média de pessoas com 15 anos ou mais que vive na zona rural (quatro anos) corresponde a metade estimada para a população urbana (sete anos e meio). Os desníveis também são acentuados em relação às taxas de analfabetismo. Dados da PNAD 2004 mostram que 29,8% da população adulta da zona rural é analfabeta, enquanto na zona urbana essa taxa é de 8,7%.
Para o professor do Departamento de Educação da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Willer Barbosa, um dos problemas mais candentes para os processos educacionais é a construção de projetos políticos pedagógicos descolados da realidade mais local e mais geral. “O período letivo precisa estar em conformidade ao calendário de trabalho dos educandos e de suas famílias, mesmo que para isso exceda o ano base. Parece-me que o estreitamento do ano escolar pelo ano civil não permite que as escolas acolham devidamente seus sujeitos, afinal, o mais importante é promover a progressão com aprendizagem, mesmo que para isso a escola desenvolva projetos específicos em períodos não letivos”, defende.
Com o objetivo de diminuir as diferenças educacionais entre campo e cidade, o Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovou em 2002 as Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo. Elas contemplam um conjunto de preocupações conceituais e estruturais presentes historicamente nas reivindicações dos movimentos sociais, como: o reconhecimento e valorização dos povos do campo, a formação diferenciada de professores, a possibilidade de diferentes formas de organização da escola, a promoção do desenvolvimento sustentável, entre outras.
Doutora em Educação pela Universidade Federal de Goiás (UFG), a professora Lindalva Maria Novais Garske ressalta a importância da participação dos movimentos sociais na melhoria da educação no campo e na aprovação das diretrizes operacionais da educação no campo. Segundo ela, a luta de organizações não governamentais como o Movimento dos Sem Terra (MST) está completamente alinhada aos anseios da população que mora no campo. “Eles têm objetivos claros, valorizam a escola e exigem o cumprimento dos seus direitos”, destaca.
Após estudar de perto a realidade das escolas rurais, Garske aponta para a necessidade de se implantar uma educação mais arrojada no campo. “Quem está acostumado com a gestão de uma escola urbana, logo percebe que a educação no campo avança ainda mais no detalhamento daquilo que se espera de uma gestão democrática”, diz. Ela acredita que a expectativa das pessoas é essa, até mesmo porque a escola tem um papel fundamental na vida dessas pessoas, está mais próxima do cotidiano delas no meio rural.

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