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sábado, 27 de novembro de 2010

Baixos salários e ter que dar aula para muitas turmas desestimulam estudantes e professores

  
Engenheiro civil e administrador de empresas. Essas são as profissões que os estudantes Felipe Magno Estevão Palmeira e Mardson Ribeiro, do 3º ano do ensino médio, da escola estadual Lyceu Alagoano, em Alagoas, escolheram seguir. Mardson gosta de Matemática. E por que não quer ser professor?
- Não sei ensinar. E não dá dinheiro - diz o estudante.
Uma das melhores alunas do Lyceu, Júlia Caroline dos Santos, de 16 anos, decidiu cedo que vai estudar Química. No entanto, nem pensa em ser professora:
- Vejo como os professores se esforçam muito e vivem um cotidiano estressante. Quero trabalhar em laboratórios.
Fundado há 161 anos, o Lyceu tem hoje metade do quadro de professores formada por monitores. Os que ainda trabalham na escola estão sobrecarregados. João Araújo, que ensina matemática há 33 anos, tem oito turmas:
- Gosto de ser professor. Mas meus dois filhos se formaram em Odontologia e Fisioterapia. Sinceramente, se eles dissessem que queriam ser professores, eu ficaria preocupado.
A diretora da escola, Maria do Socorro Leite, também gosta de ser professora, mas, se pudesse, trocaria de profissão:
- Se tivesse tempo, faria o curso de Arquitetura - conta.
A profissão anda tão em baixa que o Centro de Estudos Superiores de Maceió (Cesmac) - o maior da rede privada - fechou este ano o curso de licenciatura em Matemática porque não havia alunos suficientes.
Aos 25 anos, a cearense Maria Jocilândia Vasconcelos sempre quis ser professora de Física.
- A realidade da sala de aula tirou um pouco do meu sonho - conta Jocilândia, que, depois de passar num concurso em 2009, começou há um mês a ensinar oito turmas de uma escola de ensinos fundamental e médio.
Como a carência de professores de física, química, matemática e biologia nas escolas de ensinos fundamental e médio no Ceará é grave, Jocilândia assumiu uma turma que não tinha tido um dia sequer de aula de física desde o início do ano. No entanto, a raiz da escassez está na baixa procura pelos cursos de licenciatura e na evasão. De acordo com a Pró-reitoria de Graduação da Uece, no 2 semestre deste ano, 13% dos alunos da licenciatura em Física do campus de Fortaleza não renovaram a matrícula. Em Matemática, foram 8%. Já em Pedagogia, o índice foi de 4%.
Em São Paulo, Rodrigo M. de Oliveira, de 31 anos, sorri ao confessar que é um "caso raro" de aluno de licenciatura em Matemática na USP que quer, de fato, lecionar na rede pública. Na outra ponta, o veterano professor Luiz Henrique da Costa se diz absolutamente desiludido com 13 anos de dupla jornada nas redes estadual e municipal. Ele tem 12 turmas e recebe R$ 4 mil por mês.
- Se conseguisse qualquer outro trabalho que garantisse essa renda, largaria a sala de aula sem pestanejar.
Para Rodrigo, que diz que "querer ser professor hoje só se explica pela paixão da pessoa", dar aula só vai ser possível porque ele já tem outra profissão:
- Sou profissional autônomo de telecomunicações. É disso que vou viver.
Diretor do Instituto de Matemática e Estatística (IME), da USP, Flávio Ulhoa Coelho explica que a crise nas licenciaturas já foi constatada e que a universidade reformulou o curso:
- Mas o desprestígio não está aqui. Está na sociedade, que desvaloriza o professor. (O Globo)

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