onselectstart='return false'

*

VIVA A VIDA!!!!!!!!

domingo, 18 de janeiro de 2009

Areia da praia de Atalaia apresenta níveis preocupantes de contaminação

Durante o verão, a orla de Aracaju fica lotada de banhistas que procuram as praias para fugir do calor escaldante da capital. Mas essa prática exige mais cuidados do que se imagina. De acordo com um estudo desenvolvido por alunos de graduação em Biomedicina da Universidade Tiradentes, no Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP), as praias aracajuanas apresentam sérios problemas no que diz respeito à qualidade da areia.
O estudo selecionou três localidades na orla: a Praia dos Artistas, na Coroa do Meio, localidade que recebe o primeiro impacto de todo o esgoto da capital; a Praia de Atalaia, na região dos arcos, um marco da cidade onde se concentra o maior número de pessoas devido à proximidade com o terminal de ônibus e os hotéis; e a Praia de Aruana, local afastado pelo menos 500 metros de bares e residências.
O primeiro passo foi analisar indicadores comuns como Escherichia coli (coliformes fecais), um fator de contaminação com esgoto doméstico. Este indicador não revela problemas sérios. Porém, durante a análise dos fatores abióticos (detritos levados pela própria população), percebeu-se forte incidência em todas as praias, mesmo na Aruana, de uma grande quantidade de lixo. O segundo passo foi analisar o que esses fatores abióticos causavam, e o resultado foi alarmante. Foram encontrados altos níveis de parasitas, bactérias e fungos em todos os locais estudados, sendo a Praia de Atalaia a que apresentou os maiores níveis de contaminação.
“Nós achávamos que a Praia dos Artistas seria a mais problemática por conta da proximidade com os dejetos de esgoto e o Rio Sergipe, mas não era. Ela tem muita incidência de parasitas, por conta da proximidade com o asfalto e o rio, mas a Atalaia, sem dúvida, apresentou os maiores problemas de contaminação, tanto de fungos dermatófitos, fungos totais, bactérias totais, parasitas e salmonela. A Praia de Aruana, apesar de estar afastada, também apresentou problemas em relação aos parasitas”, relata Álvaro Silva Lima, doutor em Engenharia de Alimentos, pesquisador do ITP e orientador do projeto.
As bactérias, parasitas e fungos presentes na areia das praias de Aracaju podem causar diversos danos à saúde. É o caso do parasita ancilóstomo, encontrado em grande quantidade pelos pesquisadores, que pode se instalar no organismo humano através do contato da pele com a areia, causando problemas intestinais e anemias profundas.
“Entre outros problemas nós encontramos níveis de salmonela por conta do depósito de alimentos na areia e verificamos a presença de fungos dermartófitos, causadores das micoses, o que é muito comum e as pessoas não sabem onde contraíram o problema. Além disso, há a forte presença de parasitas que muitas vezes são levados pelas fezes dos animais de estimação dos banhistas”, ressalta Álvaro Lima.
Segundo o professor da Unit e pesquisador do ITP, as causas da problemática são de origem cultural e estrutural. A maioria das praias não possui lixeiras, o tratamento de esgoto é precário e já se tornou um hábito dos banhistas depositar restos de alimentos na areia e levar animais de estimação até a praia. Além disso, todas as festas públicas de Aracaju são realizadas na areia e, com certeza, durante esses eventos cresce a incidência de dejetos de fezes, sobras de comida e lixo de todas as espécies, o que aumenta o nível de contaminação.
“Para resolvermos ou, ao menos, aliviarmos esse tipo de problema, precisaríamos primeiramente de políticas de conscientização ambiental: proibição de animais de qualquer espécie na areia (eles produzem seus dejetos e os seus donos não têm o hábito e o cuidado de recolher); disponibilização de lixeiras na areia da praia; realização de limpezas periódicas, e, é claro, um tratamento de esgoto eficiente. Mas, sem dúvida, nada disso vai funcionar se não houver educação ambiental constante e fiscalização permanente pelo poder público”, conclui o professor Álvaro.

0 comentários:

INDICADORES