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domingo, 1 de novembro de 2009

Enterrar um ente querido custa caro

 

  Texto: Janaina Cruz / Foto: Jorge Henrique
A perda de um ente querido, além de ser um momento de dor e tristeza, quase sempre traz preocupações e pendências a serem resolvidas. As mais urgentes são o velório e o enterro.
Quem não se preparou em vida para isso deixa para a família uma despesa que não sai por menos de R$ 1 mil, somando sala para velório e caixão mais simples, sem contar os jazigos, que nos cemitérios da capital variam de R$ 450 a R$ 10 mil. Pior ainda para quem depender do único cemitério público existente em Aracaju, o São João Batista, superlotado e com estrutura precária. A prefeitura estuda a construção de um novo cemitério e cinco áreas estão sob análise.
Segundo o diretor de Espaços Públicos e Abastecimento da Empresa Municipal de Serviços Urbanos (Emsurb), Antônio Carlos Mota, o São João Batista tem seis mil sepulturas, entre mausoléus e gavetas. Para se ter uma ideia das condições do cemitério, desde dezembro de 2007 um bloco com 400 gavetas está interditado, por conta das paredes rachadas. “Até dezembro termina o prazo para que as famílias retirem os ossos e então faremos a demolição completa para reconstruir as gavetas”, explicou Antônio.
Ele informou ainda que, apesar dos problemas estruturais, o cemitério tem condições de suprir a média de cinco sepultamentos diários. “Pelo crescimento da população, a prefeitura entende que é necessária a construção de um novo cemitério público. Estão sendo estudadas cinco áreas, mas essa informação é reservada”, disse o diretor da Emsurb, adiantando apenas que não deverá ser na zona de expansão, por questões ambientais.
A rotatividade no São João Batista é grande. Apesar de o enterro ser gratuito, no ato do sepultamento a família é obrigada a assinar um documento se responsabilizando em dar uma destinação aos restos mortais após dois anos. Ou os ossos são levados para outro cemitério ou é paga uma taxa de R$ 50 para que sejam colocados em um pequeno espaço, com lápide e inscrição. Quanto à manutenção do cemitério, Antônio Carlos explicou que ela é feita durante todo o ano por uma equipe permanente e reforçada a cada dois meses.
Custos
No cemitério mais antigo de Aracaju, o Santa Isabel – com quase cinco mil sepulturas e inaugurado em 25 de fevereiro de 1862 –, um jazigo não sai por menos de R$ 1 mil. Mesmo as famílias que já têm um espaço comprado lá acabam pagando uma taxa de R$ 140 para que o enterro seja feito. Já no primeiro cemitério-parque de Sergipe, o Colina da Saudade – inaugurado em fevereiro de 2003 e com 12 mil jazigos duplos, sendo que cada um comporta até 12 caixas para os ossos –, o preço mínimo é de R$ 5 mil, se for à vista.
O gerente Administrativo do Colina, Hugo Hereda, explicou que as três opções de comercialização dependem do local da sepultura, dividido em três níveis: Lago, Céu e Estrelas, este último com vista privilegiada para a cidade, onde o jazigo pode chegar a R$ 10 mil. Para Hereda, o investimento é bom porque além de ser um local agradável – inclusive usado por moradores da região para caminhadas e passeios – o cemitério oferece ainda duas salas para velório, cada uma com apartamento e banheiro, capela ecumênica, lanchonete e vigilância.
O Cemitério da Cruz Vermelha, no bairro Siqueira Campos, é de 1902 e tem quase três mil jazigos, que custam a partir de R$ 450. De acordo com Jurandyr Góis, administrador da Associação Aracajuana de Beneficência – mantenedora dos cemitérios Cruz Vermelha e Santa Isabel –, o Cruz Vermelha tem espaço para a construção de mais oito mil jazigos. “Há muitos anos que a prefeitura nos procura e cogita uma parceria, mas nada foi levado adiante. A associação não amplia porque a rotatividade é baixa e temos outras prioridades, como as obras do Hospital Santa Isabel, também administrado pela Associação”, informou Jurandyr.
Outro cemitério antigo, da década de 30, e de baixa rotatividade, é o São Benedito, ao lado Santa Isabel, bem em frente à avenida João Ribeiro. Nele existem 18 mausoléus e 825 jazigos, que custam de R$ 5 mil a R$ 6 mil. A média de enterros é de apenas quatro por mês. Ainda existem em Aracaju outros cemitérios, como o do ABC, no Jardins, onde existem cerca de 600 jazigos, mas não ocorrem sepultamentos há mais de 20 anos, o da Atalaia, com 400 jazigos, um familiar no povoado Areia Branca e o Cemitério dos Náufragos, no Mosqueiro, administrado pela Marinha e onde estão apenas os corpos das vítimas do naufrágio de três navios no litoral aracajuano, durante a 2ª Guerra Mundial.
Planos funerários estão em alta

Planejar o velório, o enterro e até escolher o caixão sem sequer estar doente pode parecer estranho, mas a verdade é que o mercado de planos funerários vem crescendo nos últimos anos. Prova disso é que a empresa pioneira neste ramo em Sergipe tinha, em 2005, cerca de 16 mil planos e hoje já conta com 80 mil, totalizando mais de 300 mil beneficiários. Para o gerente administrativo da empresa, Alan Cruz, a aceitação da morte tem feito com que o mercado evolua.
“Ainda há uma certa resistência, mas a desmistificação da morte tem aumentado. Cuidamos apenas do evento morte. Porque a morte em si acontece mesmo nos hospitais, nas estradas”, opinou Alan. Quem segue essa linha de pensamento acaba optando pela tranquilidade dos planos com preços bem acessíveis, que variam de R$ 19 a R$ 50 por mês, incluindo o titular, cônjuge, todos os filhos solteiros, pais e sogros. As taxas por dependentes extras vão de R$ 5,70 a R$ 15.
O plano dá direito a caixão, uma coroa de flores, ornamentação do caixão com flores, sala para o velório, carro fúnebre para o translado do corpo do local do velório ao cemitério, aluguel de um ônibus para transitar somente na capital e material para o velório conforme a religião. Ainda há outros benefícios, como empréstimo de cadeiras de roda, cama hospitalar, muletas e outros materiais para doentes previstos no contrato. Além disso, alguns planos oferecem descontos em clínicas, academias e farmácias.
‘Bienal da Morte’ fez sucesso

Aconteceu em setembro, em Santos, litoral paulista, a oitava edição da Funexpo, uma feira divertidamente chamada de “Bienal da Morte”, que atraiu cerca de três mil donos de funerária e mais de 50 expositores. As novidades do ramo são bem curiosas: linhas completas de necromaquiagem, distintivos de futebol cada vez mais populares nos velórios, cinzas de mortos que são transformadas em diamantes e até caixões ecológicos, feitos de papelão e que prometem mais leveza e menos contaminação do solo, lançados no país este ano.
A feira divulgou também o velório virtual, com as famílias velando pela internet quando não há tempo hábil para chegar ao velório ou residem em outro Estado. Para quem quer garantir um lugar no céu, uma empresa norte-americana disponibiliza o lançamento no espaço sideral de uma cápsula com os restos mortais. O preço, claro, é tão astronômico quanto o serviço: cerca de R$ 30 mil.
Um site especializado no assunto divulgou, esta semana, que a maior rede varejista do mundo começou a vender caixões pela internet. Os preços variam de US$ 895 (cerca de R$ 1.575) por um modelo de aço, até US$ 2.899 (cerca de R$ 5.102) por um modelo de bronze. A rede de supermercados permite que os clientes paguem os caixões em até 12 prestações sem juros. Os caixões ficam prontos para entrega em 48 horas.
O falecido também pode virar uma jóia. Uma empresa suíça transforma as cinzas em grafite e
depois em diamante por meio de um processo de aquecimento até 1.400º C. O valor do serviço custa, no mínimo, R$ 12 mil. A aposentada Leroy Gaspar da Silva, de 73 anos, de Curitiba (PR), carrega desde julho um diamante de 0,25 quilate e 4,1 milímetros de diâmetro, feito com as cinzas do marido, o militar Jorge Gaspar da Silva, falecido em 1994. Esse foi o primeiro diamante que chegou ao Brasil produzido com as cinzas de uma pessoa.
Programação especial
Além das missas, os cemitérios de Aracaju prepararam uma programação especial para o Dia de Finados. A limpeza começou há mais de uma semana e amanhã haverá o trabalho de grupos de várias religiões. A Igreja Católica se fará presente com os bispos, padres, Apostolado da Oração, Pastoral da Família e Terço dos Homens, entre outros grupos que vão se revezar no intervalo das missas. No Cemitério Colina da Saudade, no conjunto Santa Lúcia, haverá uma chuva de pétalas de rosas, às 10h30, como já ocorreu em anos anteriores.
Outra presença nos cemitérios, desde a semana passada, é a de pessoas limpando e arrumando os túmulos. A Emsurb alerta que é proibida a contratação de crianças e adolescentes para esse tipo de serviço. Em 2006, foi assinado um termo de ajustamento de conduta (TAC) no Ministério Público do Trabalho determinando que a Emsurb fiscalize o trabalho infanto-juvenil nos cemitérios. No Cemitério São João Batista, 12 fiscais da Emsurb farão esse trabalho, mais a Guarda Municipal.

JORNAL DA CIDADE

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