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VIVA A VIDA!!!!!!!!

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Jornalista alagoano escreve: Fazenda Boa Luz/Sergipe, o turismo da ignorância

ANDANÇAS DE CARNAVAL: BOA LUZ/ SERGIPE O TURISMO DA IGNORÂNCIA DE DONA CRISTINA CASTRO

* Mendonça Neto – Jornal Extra Alagoas

Depois de sofrer nas estradas destruídas do sertão baiano e de ouvir de um moto-taxista de Tobias Barreto, diante do abandono de sua terra, a dolorida queixa: eles nos tratam como cachorros, chegamos a uma churrascaria em Lagarto (SE) e fomos recebidos pelo dono com uma cordialidade, um savoir faire, um jeito sedutor de vender seu peixe, no caso, um churrasco bem temperado , que ,solícito e camarada, dispôs-se a me ensinar como eu devia proceder para chegar ao hotel fazenda Boa Luz, que, na propaganda da internet, descreve-se como a nata do eco-turismo nordestino. Ah, como, as vezes,são falsas as propagandas!

Eu vinha de Caldas do Jorro, em busca do tempo perdido, como um Marcel Proust dos trópicos, lembrando as tantas vezes que meu pai, há 50 anos, me levava para aquelas águas medicinais de Cipó. Com 48 graus de temperatura, e sob vasta propaganda de serem os líquidos mais curativos do mundo, de lumbago a espinhela caída.

Vinha malogrado. A cidadezinha, pobrezinha, com um parque em que chuveiros maltratados, eram usados a um real, cada vez, para um banho, onde o cidadão tem que munir-se de equilíbrio de trapezista, para não cair no chão e sair mais sujo que entrou. Levei no meu colo o João Guilherme, que logo protestou, veemente: “O chão está sujo e a água está quente demais. Tô fora”.

Contentei-me em beber o liquido precioso e não reclamar. Adoto a teoria de que quando você sai de casa, como turista, tem que ter o espírito prevenido para os famosos “imprevistos com os quais não contávamos”, na deliciosa ironia vocabular de meu doce e octogenário amigo, jornalista Raul Giudicelli. Portanto, devemos sorrir em cada cratera da estrada semi destruída, como fiz, quando, passando, ou melhor desviando-me dos buracos da BR (?)ou BA (?)na pacata cidade de Ribeira do Pombal, ouvi aquele som desagradável de um pneu furado, no meio de uma noite quente e sem lua. Um breu danado. Desci do carro, diante da mulher, do filho e da sogra, como um guerreiro de luz vai ao embate, mesmo sabendo quão pouca luz possui na arte centenária de trocar pneus.

Primeiro, achar o macaco. Ei-lo que se esconde num desvão entre a lataria e o pneu sobressalente, enfiado em um buraco, de onde, por longos minutos, teimou em não sair. Puxa de lá, puxa de cá, veio, afinal, com um ímpeto de um tiro de canhão, e, por pouco, não me joga no chão.

Com meus rijos 63 anos, fui desapertar os quatro pinos do pneu e, depois de fracassar com as mãos, subi na chave de roda como quem chega ao podium da fórmula um, toda força no pé para baixo, sem esquecer que se a chave se solta, vou ao chão nocauteado. Isto cercado pelo negrume da noite, em pleno sertão baiano. Jamais desistir ou reclamar, era minha bandeira, eu, herói de duas mulheres e um menino, que temiam desde cobras salientes e venenosas a ladrões que irrompem no meio da noite para atacar turistas incautos.

Missão cumprida, vem aquela ciência cabalística de colocar o macaco no lugar certo, para que o carro não suba de banda e desabe em cima de mim. A “arma” de fazer subir o tal macaco é tão simples que escapa de qualquer entendimento mediano. Puxar à direita ou à esquerda? O macaco está subindo ou no mesmo lugar? Afinal, como um urso que hibernava, ele levanta as centenas de quilos do carro e deixa o pneu no ar.

Os poucos carros que passam, nem sequer abrem os vidros para ver as nossas caras de súplica por ajuda. Um deles, de longe, abre a janela, e grita, ríspido: o seu farol está alto!! E sai em disparada. Xinguei-o de todos os nomes, que só minha pequena tribo ouviu.

Então vem aquela parte de paciência chinesa: acertar os buracos do pneu nos pinos que giram para lá e para cá, como brincando de esconde-esconde. Mãos sujas de graxa, roupa amarfanhada, respiração entrecortada, aceito a brincadeira e vou mirando, no escuro, em busca de encaixar o danado do pneu.

De repente, pára um Fiat atrás do meu carro e de lá salta um sujeito, pés descalços, loquaz, que se aproxima de mim, sentado no asfalto, incerto em saber se ele vinha com ânimo de ajudar ou de carregar os outros três pneus, a bolsa e a vida. Olho para minha mulher, que estava com medo sozinha, e percebo que ela já se considera roubada e morta pelo desconhecido.

Mas o baiano velho, cabra moço e conversador, era de paz. Sentou-se ao meu lado, puxou conversa, alertou para os perigos daquelas estradas desertas e esburacadas, e, com sua ajuda, conclui a missão de meter o estepe no lugar do pneu, cuja jante fora esmagada pelos buracos gigantescos do governo do petista Jaques Wagner e do não menos petista, Lulinha, o da tal esperança que ia vencer o medo.

Aceito a recomendação do Junior, o dono da churrascaria, e, depois de rodar uns 50 kms, eis que diviso o letreiro do resort Boa Luz, ilustrado com um par de cavalos beijando-se gloriosamente empinados. E eu, depois de tantas estradas sem a luz da providência governamental, desço do carro com a família, com aquele sorriso de quem chegou ao paraíso, sem precisar morrer.

Mas, o que eu não sabia, ainda, que lá estava de plantão a herr Cristina Castro, a gerente geral, que fala grosso como homem e descende da velha tradição das chefes de campo de concentração nazista do furher alemão. Não cheguei a vê-la, foi conversa de telefone, mas a imagino armada de tridentes satânicos, com aquele ar feroz de quem brigou com o mundo e carrega consigo a zanga de uma menstruação de 30 dias por mês.

Na entrada do Parque, dezenas de clientes frustrados, numa longa fila, reclamavam ter sido lesados. Gritavam que as contas estavam adulteradas, como atendimento era péssimo e que a tal da Boa Luz, por sinal, sem luz nem gerador, era um embuste turístico. A gentil mocinha da recepção (havia UMA PESSOA gentil) me informa que havia faltado energia e os turistas estavam revoltados com a falta de profissionalismo do Resort.

Eram 3 horas da tarde e o João Guilherme queria ver os bichos que, segundo a internet, vão desde um inofensivo coelho até um tigre de Bengala. Pedi para conhecer as instalações em 20 minutos e a recepcionista, aceitou. Mas, lembrou-se da dona Cristina Castro, a gerente geral, que devia estar ali, mas não estava, naquela balburdia geral, e foi por telefone que me apresentei a ela, explicando o desejo do menino. O nome Cristina é feminino, mas a voz que pulou em cima de mim era mais que masculina, era troglodita. Cristina é um nome que significa “escolhida por Deus e que nasceu para ser líder,por sua habilidade em tratar as pessoas”.

Mas aquela Cristina dir-se-ia com mais parecença com o “coisa ruim” do que com qualquer divindade. Depois que me apresentei como jornalista e disse do desejo da criança de visitar o parque, ela começou a gritar, que nem pagando eu entraria com ele. “Mas, por que?”. E ela, ríspida como um touro menstruado, foi seca e grossa: “porque eu não quero. Porque esta CELPE (é a cia de energia de Sergipe) e este governo incompetentes me deixaram sem luz e com um prejuízo que eles não vão pagar”.

Era a Fazenda da Boa Luz sem luz, nem boa nem ruim, e a dona Cristina Castro, furiosa como uma alieanada do Pinel, me fazendo pagar pelo erro do Resort, que não tinha um gerador, e os do governo, que fizeram faltar luz e brindam o Estado com estradas sem sinalização e esburacadas como uma vítima de Al Capone.

Argumentei que era apenas para conhecer o território e voltar depois como hóspede, já que o Hotel estava lotado, mas a tresloucada gerente, a cada palavra minha, gritava como uma passageira do Titanic: “Em nenhum lugar do mundo se entra em um parque sem se pagar”. “Mas eu pago, dona Cristina”. “Nem pagando, nem pagando”. Imaginei como esta senhora de voz grossa, árida e inóspita, deve ser uma pessoa amarga, cuja sensibilidade nem se tocou com o desejo da criança viajante que queria ver os coelhos da Fazenda Boa Luz.

João Guilherme ouviu minhas explicações, olhou para um coelho malhado, do outro lado da cerca, e me tranqüilizou, serenamente:

- Vamos embora papai, esta moça não gosta de crianças.”

Para compensar todas estas agruras, chegamos ao Hotel São Francisco, em Penedo, onde, desde o recepcionista Cláudio até as camareiras e o doce atendimento de todos, me fizeram crer que estava muito certo o José Gonçalves Peixoto, quando o fundou, em meados do século XX, como marca de arrojo empresarial, mas, sobretudo, por manter a tradição de tratar bem a quem hospeda. Simples assim, tratar bem a quem chega.

Diferente de dona Cristina Castro de berço incerto e não sabido. Lembrei-me do Eliezer Setton, esta força da natureza artística das Alagoas, a quem transmiti elogios de minha mulher pela forma gentil como o Eliezer trata a todos, no balcão do INSS, onde trabalha. E o nosso pujante e criativo artista, agradeceu, dizendo:

- “É papai e mamãe. Berço, Mendonça. Não há escola que ensine

1 comentários:

Anônimo disse...

com certeza existem defeitos em todo o estado,mas será que no estado de alagoas não existem problemas também?. outra coisa também,no meu estado sergipe tem muitas pessoas educadas, que não vai ser uma gerente que vai manchar o nosso turismo e também um turista que não conhece todas as virtudes do nosso estado e já começa a criticar.

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