O sonho de qualquer dono de multimarcas é revender modelos que mal estacionam e já estão vendidos. Mas nem sempre é assim. Entre os 20 mil modelos negociados nas revendas, alguns fazem aniversário nas lojas à espera de um comprador que não aparece.
A Associação dos Revendedores de Veículos Automotores no Estado de São Paulo – Assovesp - tem uma medida de quais automóveis são campeões de baixa procura.Ela divulgou uma lista com os resultados de 2008. Eles foram obtidos por meio de uma pesquisa por amostragem levando em conta as 10.500 Revendas Independentes no Estado de São Paulo e o tamanho da frota circulante.
A associação faz uma pergunta direta ao lojista entrevistado, sem sugerir nomes ou marcas. Por este motivo, há respostas como o nome de um carro e outras mais genéricas, como "veículos importados".
Na lista abaixo, é possível identificar as dez respostas que apareceram com mais freqüência no questionário enviado aos lojistas quando indagados sobre quais são os carros menos procurados nas revendas. Confira:
Descrição | Frequência |
Veículos importados | 17,5% |
Marea, da Fiat | 14% |
Carros da marca Ford | 7% |
Carros franceses | 7% |
Tempra, da Fiat | 7% |
Carros fora de linha | 5,3% |
Ford Fiesta | 3,5% |
Gol 1.0 16V | 3,5% |
Carros da marca Peugeot em geral | 3,5% |
Renault Scenic | 3,5% |
Entre os carros descontinuados, a Fiat tem dois de seus modelos em baixa: o Tempra, fabricado até 1998, e o Marea, produzido até o ano passado. O primeiro tem, segundo os mecânicos, motor avançado, mas de difícil reparo. Já o Tempra, que inovou com o primeiro motor 16V, sofre com problemas de suspensão causados pela fragilidade do projeto, de acordo com os reparadores.
Ainda de acordo com os mecânicos, falhas na durabilidade e na regulagem do motor também explicam o fato de o Gol 1.0 16V, da Volkswagen, comercializado entre 1997 e 2005, ocupar uma posição na lista da Assovesp. Prova disso é o fato do mesmo modelo com motor diferente - de 8V - estar entre os mais procurados nas lojas de usados. Entramos em contato com a Volks, mas a empresa decidiu não se pronunciar a respeito.
Reinaldo Nascinbeni, supervisor de serviços técnicos da Ford, discorda: "Não é de interesse da montadora criar esse tipo de dificuldade. Os nossos modelos têm fácil reparação".
Entre os veículos da Ford, o Fiesta é o único que aparece na lista da Assovesp. Segundo os mecânicos, a explicação se deve à dificuldade de mexer no motor Endura, que foi substituído pelo Zetec Rocam, em 1999. Isso porque, segundo eles, o primeiro motor exigia retífica com pouco tempo de uso.
“Produzido na fábrica de Taubaté, SP, o motor Endura era bem tradicional e sem nenhum segredo técnico. No entanto, era necessária a troca da válvula, coisa que não acontece com o Zetec Rocam, um motor também de 8V, porém mais avançado”, explica Nascinbeni.
Enquanto isso, segundo a Assovesp, os modelos do grupo PSA Peugeot Citroën são aceitos, muitas vezes, apenas em consignação. Isso porque, de acordo com o índice RO medido pela Oficina Brasil, a montadora tem a mesma política da Ford quanto à difusão de informações técnicas. Além disso, Hervé destaca problemas relacionados à tropicalização, como foi percebido no caso do Xsara Picasso. Como as estradas brasileiras ainda estão muitos quilômetros atrás das europeias, os efeitos foram diretamente sentidos na suspensão, na fixação do motor e na caixa de câmbio dos modelos. “Hoje em dia, esses problemas foram contornados”, reconhece Hervé.
“Além disso, o sistema de suspensão é desenvolvido para ser mais resistente às irregularidades do solo. Um exemplo é a suspensão dos Citroën C3, da minivan Xsara Picasso e do sedan C4 Pallas, modelos mais vendido da marca no Brasil. Todos apresentam uma suspensão mais firme do que às unidades europeias, utilizando amortecedores, molas e calibragens específicas. Para chegar a esse resultado, milhares de quilômetros são rodados em todo o país, simulando condições extremas (terra, asfalto, pedra, buracos, cascalho)”, completa.
Mas apesar de citar alguns modelos, a Assovesp garante que hoje em dia, quem chega a uma revendedora não procura um carro pelo modelo, mas sim pela faixa de preço. Entre os veículos de entrada, os mais procurados custam, respectivamente, R$ 15 mil, R$ 20 mil ou R$ 18 mil. Fora esses, os carros de R$ 25 mil, R$ 38 mil e R$ 20 mil são, respectivamente, os que mais atraem o interesse dos compradores.
Já entre os importados, os mais negociados em 2008 no estado de São Paulo foram os utilitários esportivos ano 2007, como Cherokee Sport, Gran Cherokee, Hillux SW4, Nissan Pathfinder e Pajero Full, seguidos dos SUVs anos 2006 e 2008.
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