O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) afirmou nesta sexta-feira (21) que as decisões tomadas nesta semana pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar e pela Mesa Diretora do Senado - de arquivar as denúncias e representações contra o senador José Sarney (PMDB-AP) - demonstram que aqueles que lutaram contra o arquivamento acabaram perdendo. Para Cristovam, não há mais nada que esse grupo de senadores possa fazer para reverter a situação e caberá "ao povo, nas urnas ou em manifestações públicas", alterar o quadro atual.
- Os processos foram arquivados de maneira simplista, sem o menor pudor diante da opinião pública. Nós tentamos um recurso, mas em nome de um regimento nada foi revisto. Como pode um regimento ser maior que a decisão de um plenário? Foi como se o Senado tivesse dado uma bofetada no povo dizendo: vocês não têm o direito de saber a verdade - declarou Cristovam.
Na opinião do parlamentar, o Plenário poderia até votar pela absolvição de Sarney se os senadores estivessem convencidos de sua inocência, mas as investigações não poderiam ser impedidas, como ocorreu com o arquivamento dos processos. Cristovam Buarque falou sobre seu sentimento de impotência e pediu desculpas aos eleitores.
- O que a opinião pública quer saber é se as denúncias têm ou não consistência e se são ou não perdoáveis. Não investigar é trair o juramento que fizemos de representar o povo - disse Cristovam.
Agora, continuou o senador, o Senado terá que esperar pela decisão do povo nas eleições ou que a população se manifeste caso queira modificar a situação. O senador disse ter esperanças de que o povo lute para ajudar a "ressuscitar o Senado, pois sem ele não existe democracia". Cristovam também reclamou do que considera a interferência do Poder Executivo no Legislativo.
- Se um Poder tem mais força que o outro e exercita isso, nós estamos dando os primeiros passos para um regime autoritário. O segundo e terceiro passos vêm muito depressa quando a tolerância da população aceita. Nós lutamos, nós perdemos e nós colocamos na mão de vocês, principalmente na mão dos jovens, o direito de saber a verdade. Arquivem-se os processos, mas não o direito de conhecer a verdade - protestou Cristovam.
Da Redação / Agência Senado
(Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
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