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sexta-feira, 24 de abril de 2009

Para Cristovam, instituições do país atuam como atores de uma "tragédia grega"


O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) compara o cenário atual do país ao de uma "tragédia grega", em que os diversos personagens passam a idéia de que querem evitar os eventos dramáticos, mas cumprem cada passo definido pelo dramaturgo para que o final seja trágico. No discurso feito em Plenário, nesta sexta-feira (24), ele disse que todas as principais instituições do país estão contribuindo com o desenvolvimento do enredo, como o próprio Legislativo, o Executivo e o Judiciário, além da mídia.

- Comecemos por nós próprios. Sabemos que hoje, diante de nós, por cima de nós, está uma quantidade de holofotes nos observando, uma transparência criada pela força da democracia que faz com que cada pequeno ou grande pecado cometido seja visto com a dimensão da gravidade que a mídia transmite. Apesar disso, a gente continua fazendo gestos que nos levam a uma imagem negativa lá fora - frisou.

Depois de afirmar que ele não se excluía do conjunto dos parlamentares que adotam atitudes que levam o Congresso à descrença, ele citou como um dos erros as constantes ausências dos trabalhos legislativos. Ou, ainda, a pouca oportunidade de votar e debater, mesmo quando os parlamentares estão presentes. Disse que os discursos caem no vazio, "porque ninguém assiste e, os poucos que assistem, não respondem, não discutem, não confrontam". Isso não condiz, como observou, com o que se espera de um Parlamento.

- Não estamos trazendo aqui os grandes temas nacionais, não estamos debatendo a pauta do povo, salvo uma ou outra vez - salientou.

Para Cristovam, o Poder Executivo vem se comportando com indiferença ao que está acontecendo e, em relação ao Congresso, contribui para piorar o cenário com o envio de medidas provisórias que paralisam as atividades e substituem os projetos dos próprios congressistas. O governo ainda agiria de forma equivocada ao promover, como afirmou, excesso de publicidade, "como se só o Executivo funcionasse neste país e nós fôssemos um apêndice secundário do processo democrático".

Com relação à Justiça, citou o recente episódio do confronto verbal entre dois integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF), transmitido ao vivo pela TV Justiça, questionando o foco na falta ou não de decoro por parte dos juízes, "e não se analisando se tem ou não verdade por trás do que eles disseram".

- E quando a Justiça se intromete no Poder Legislativo, como tem feito sistematicamente? E quando a Justiça manda tirar a algema dos ricos e fecha os olhas às algemas nos braços dos pobres? Como se algema não pudesse sujar os punhos de seda dos ricos, mas pudesse ser colocado nos punhos dos pobres que vão, sem camisa, para a frente da televisão - comentou.

Na sequência, o senador analisou o papel da mídia na cobertura de fatos considerados ilegítimos ou, em alguns casos, também ilegais, envolvendo integrantes do Legislativo. Segundo ele, não se trata de condenar a abordagem desses fatos, pois entende que devam mesmo ser levados ao público. No entanto, ele ponderou que há uma exclusiva concentração nesse tema, sugerindo que se busca primordialmente o escândalo.

- A mídia esqueceu os debates que a gente quer fazer neste País, entre um país velho, que tem que morrer, e um novo, que tem que surgir. O velho da destruição ecológica, o velho da concentração de renda, para surgir o novo, do desenvolvimento equilibrado social e ecologicamente, com democracia. A gente não vê esse debate na mídia. Será que ninguém está falando isso? Ou é a mídia que se acostumou a uma única pauta, necessária, mas insuficiente, que é a pauta do escândalo?

Para o senador, políticos e jornalistas estabeleceram entre si "uma relação que tem tudo a ver como teatro", do tipo sadomasoquista. "E nós somos os masoquistas e eles são os sádicos. Nós somos os masoquistas porque fazemos coisas que levam a mídia, corretamente, a denunciar, e, depois, nós sofremos com a denúncia que eles fazem, mas o pior é que eles sentem prazer em denunciar as coisas que são denunciadas", avaliou, para mais uma vez criticar a falta de atenção da mídia em outras ações.

- A mídia não tem mentido, o que a mídia tem feito é esquecido o resto da verdade que acontece nesta Casa que defende a democracia - observou.

Da Redação / Agência Senado
(Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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